Certificação de Carne no Brasil: Como Garantir Qualidade e Confiança
Certamente você já sabe que o Brasil é reconhecido mundialmente por sua capacidade de produção e exportação de carne, ocupando uma posição de liderança no mercado global., porém, você já se perguntou como os pecuaristas garantem a qualidade da carne antes de submetê-las à exportação ou ao transporte nacional? Parte desse processo tem a ver com a Certificação de Carne, tema principal deste artigo.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, só em 2023, o Brasil movimentou mais de 10,541 bilhões de dólares, correspondendo a 2,28 milhões de toneladas de carne bovina.
Apesar dos números expressivos que garantem o lugar do Brasil no topo do ranking mundial, é importante ressaltarmos aqui que, mais do que quantidade, a qualidade do produto é um fator crucial que determina o sucesso do país no cenário internacional.
Nesse contexto, a certificação de carne surge como um mecanismo essencial para garantir a qualidade, a segurança alimentar e a sustentabilidade da produção pecuária brasileira.
Continue lendo para que possamos explorar o que é a certificação de carne no Brasil e como esse processo funciona nas diferentes regiões do país, destacando a sua importância para consumidores, produtores e o mercado global.
Como sempre, iniciaremos com uma parte conceitual para que você entenda detalhadamente as abordagens deste conteúdo.
O que é a certificação de carne?
A certificação de carne é um processo que avalia e assegura que a carne produzida e comercializada atenda a um conjunto de padrões pré-estabelecidos relacionados à qualidade, segurança alimentar, bem-estar animal e sustentabilidade ambiental.
Quem sabe você se pergunta: “Mas quem são esses órgãos certificadores?”.
São as organizações certificadoras reconhecidas que realizam essas certificações. Elas podem ser tanto entidades privadas quanto órgãos governamentais.
A certificação é voluntária ou obrigatória?
Vamos ilustrar essa parte para que você veja essa situação sob a perspectiva da qualidade.
Imagine que você está diante de um médico para realização de uma cirurgia e, neste cenário hipotético, você tem a possibilidade de escolher entre um médico devidamente graduado e especializado em cirurgia, e outro médico ainda em formação acadêmica. Qual deles você escolhe para colocar sua confiança?
Certamente, em sã consciência todos nós escolheríamos o profissional devidamente certificado para a execução cirúrgica.
Quando se trata de carne bovina, lidamos com a saúde e a segurança alimentar, ou seja, um produto de qualidade comprometida pode prejudicar toda uma população, por este motivo tão sensível, muitos pecuaristas que miram uma transação comercial de larga escala, precisam garantir essa certificação para que seu produto carregue um ‘peso’ maior no que diz respeito a garantia de qualidade.
Isso significa que a certificação é voluntária, porém ela busca agregar valor ao produto, diferenciando-o no mercado por sua qualidade superior e práticas de produção responsáveis.
Como Funciona a Certificação de Carne no Brasil?
No Brasil, o processo de certificação de carne é conduzido por diversas entidades, incluindo órgãos governamentais, como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e organizações privadas credenciadas.
A certificação pode abranger diferentes aspectos da produção:
origem do gado
práticas de manejo na fazenda
processamento nas indústrias frigoríficas.
Existem diferenças regionais na certificação?
A vastidão territorial e a diversidade climática do Brasil resultam em diferentes sistemas de produção pecuária nos estados, o que pode influenciar os critérios e processos de certificação. Citaremos abaixo 2 exemplos de certificação de carne no Brasil.
Região Sul
Conhecida por sua forte tradição na pecuária de corte, com destaque para o Rio Grande do Sul, a região Sul adota critérios rigorosos de rastreabilidade e qualidade da carne, valorizando as raças de clima temperado e sistemas de alimentação baseados em pastagens. O estado possui a Certificação Selo Pampa Gaúcho, validado pelo INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial
Região Centro-Oeste
Essa região, especialmente o Mato Grosso, é o coração da produção de carne no Brasil. A certificação aqui enfatiza o controle sanitário, o manejo sustentável dos recursos naturais e a eficiência produtiva, adaptando-se às grandes escalas de produção. O Mato Grosso passou a ter uma certificação em 2016, chamada “Carne de Mato Grosso”, validada pelo IMAC - Instituto Mato-grossense da Carne. Na época, o MT já era o 2 exportador brasileiro com aproximadamente 300 milhões de toneladas exportadas.
Quais são os reais benefícios da Certificação de Carne
Vamos comentar aqui a questão dos benefícios sob 3 perspectivas, a dos consumidores, a dos produtores e a do mercado:
Para os Consumidores: Garante a compra de produtos de qualidade superior, seguros e produzidos de forma responsável e sustentável.
Para os Produtores: Diferencia o produto no mercado, podendo alcançar melhores preços e acessar mercados mais exigentes, tanto no Brasil quanto no exterior.
Para o Mercado: Eleva o padrão geral da produção pecuária brasileira, reforçando a imagem do país como um fornecedor confiável de carne de qualidade no mercado global.
Como ocorre uma certificação de carne?
Quem sabe você leu até aqui e certamente entendeu a importância de uma certificação, mas já parou pra pensar como é feita a avaliação para a certificação de carne?
Vamos lá! Este processo envolve várias etapas, desde a avaliação preliminar da fazenda e dos animais até a inspeção final da carne antes de chegar ao consumidor.
Nós detalhamos abaixo a forma como ocorre essa certificação e como é feita a avaliação para a certificação de carne.
Contudo, é importante você saber que os diferentes órgãos certificadores podem ter características de análises diferenciadas, de acordo com os padrões ou leis locais.
1. Escolha da Certificadora e Normas de Certificação
Este é o processo de seleção da certificadora. Esta etapa começa com a escolha de uma entidade certificadora que deve ser reconhecida e credenciada para garantir a validade e a credibilidade da certificação.
Essas entidades podem ser nacionais ou internacionais, e cada uma possui seus próprios padrões e requisitos de certificação.
Quantos às normas, repetimos aqui, elas variam de acordo com a certificadora e podem incluir critérios específicos de qualidade da carne, bem-estar animal, práticas de manejo, sustentabilidade ambiental, entre outros
Essas normas definem os requisitos que a produção deve atender para que a carne seja certificada.
2. Avaliação e Auditoria Inicial
A empresa certificadora, a qual pode ser pública ou privada, realiza uma auditoria inicial na fazenda ou no estabelecimento produtor para avaliar as práticas detalhes como:
manejo
condições de bem-estar dos animais
instalaçõe
sistema de rastreabilidade
procedimentos sanitários
Esses e outros aspectos relevantes são levados em consideração de acordo com as normas de cada tipo de certificação.
Em meio a essas auditorias, é possível haver o momento de Coleta de Amostras. Isso mesmo, em alguns casos, podem ser coletadas amostras da carne para análises laboratoriais.
No laboratório são verificados aspectos como: resíduos de medicamentos e qualidade nutricional, por exemplo.
3. Implementação de Melhorias
O resultado da auditoria saiu, e agora? Se a auditoria inicial identificar a necessidade de ajustes ou melhorias para atender aos padrões de certificação, a fazenda ou o estabelecimento produtor deverá implementar um plano de ação corretivo.
Esse plano inclui ajustes nas práticas de manejo, melhorias nas instalações, treinamento de funcionários, entre outros.
Isso significa que a reprovação em algum quesito não é o “fim do mundo”. Sua fazenda poderá se adequar aos critérios criando formas de corrigir problemas identificados na auditoria.
Se esse for o seu caso, procure ajustar cada detalhe e solicite nova auditoria.
4. Avaliação de Conformidade
Este é mais um detalhe que reflete o conceito mundial de Gestão da Qualidade, o qual está presente em muitos segmentos, garantindo a qualidade de produtos e serviços.
Após a implementação das melhorias necessárias, a certificadora realiza avaliações contínuas para assegurar que os padrões de certificação estão sendo mantidos ao longo do tempo.
Essas avaliações podem incluir visitas surpresas, auditorias periódicas e análises adicionais de amostras.
Mas por que algumas entidades realizam essas auditorias esporádicas? É simples, esta técnica garante que os produtores mantenham a régua alta, ou seja, que o padrão de qualidade seja constante, do contrário, muitos poderiam ajustar seus territórios somente nos momentos da auditoria, e depois afrouxar as regras, já que elas demandam bastante disciplina por parte de todos os envolvidos.
5. Certificação e Rastreabilidade
Hora de comemorar! Uma vez que o estabelecimento produtor atenda consistentemente aos critérios estabelecidos, a certificadora emite o certificado de conformidade, atestando que a carne produzida cumpre com os padrões de qualidade e segurança definidos.
Diante disso, o que fazer para garantir a transparência e permitir que os consumidores verifiquem a autenticidade da certificação? Neste caso, é crucial manter um sistema de rastreabilidade eficaz.
Esse sistema permite acompanhar a carne desde a origem até o ponto de venda. Se você ainda não tem um, é hora de pensar na implementação de uma solução como esta na sua fazenda.
Sobre a certificação de carne de modo geral
Para concluir, a avaliação para a certificação de carne é, portanto, um processo rigoroso que exige comprometimento dos produtores com a qualidade, a segurança, o bem-estar animal e a sustentabilidade.
Ao optar por carnes certificadas, os consumidores têm a garantia de que estão escolhendo produtos que atendem a altos padrões de produção, e isso contribui para uma cadeia alimentar mais responsável.
A certificação representa um passo importante rumo a um futuro mais sustentável e próspero para a nossa pecuária.
Esperamos que você tenha aprendido algo com este conteúdo. Acesse nosso Blog para ver outros artigos do universo agro.